Paixão Platônica aos 40

E daí que você o encontrou, e ele foi embora. Partiu. Pra longe. Agora, pelo menos, apenas geograficamente. Mas ele está ali, à distância de uma mensagem sua.

É você quem escolhe se envia ou não. E por que escolheu não enviar?

Será que alimentar-se (novamente) de um amor à distância, mudaria em algo? Acrescentaria? Essa discussão já até existiu. É impossível manter uma relação assim, sem a previsão de que um dia estariam realmente juntos.

E é claro que você estragou tudo no primeiro encontro, justamente por não ter alimentado as expectativas de que uma relação pudesse acontecer.

Mesmo ele tendo confidenciado o sonho de voltar, você racionalizou e o convenceu do contrário. Como diria o Chaves: que burra!

E foi assim que você se sabotou de novo… Mesmo querendo que ele volte pra sempre. Mesmo sonhando com a sua companhia na noite. As longas conversas, o olhar confidente, os sorrisos compartilhados. Você se sabotou.

E escolheu – porque você é adulta, é você quem escolhe seu destino – por viver essa relação apenas na imaginação. Sonhando como seria se fosse real.

Será que ele se mudaria? Será que ele escolheria começar uma vida nova? Onde tudo é incerto, as chuvas são frequentes, o calor é certo; contudo é onde as pessoas que ele confia também estão. As que lhe querem bem, que podem compartilhar afetos e dividir preocupações.

Não teríamos como saber se ele teria coragem de arriscar tudo para uma nova história.

E é por isso que você espera. E se contenta de vê-lo sorrindo em fotos onde ele se diverte e sai com os queridos.

Você tenta imitar, saindo, se divertindo, curtindo um esporte… Espelhando um destino solitário como se estivesse acompanhada.

Você escolheu assim e assim, é.

© Zbignev Safranovic

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